domingo, 12 de agosto de 2012

Domingos, lembranças e saudades

Chamam-no de domingo, mas nos últimos tempos, os meus são sinônimos de saudade. De visita à minha antiga cidade, casa, amigos, amores... hoje, 12 de agosto (dia dos pais), uma manhã fria, assim que acordei, de passagem pela sala, deparei-me na estante com o livro "Marley e eu", e imediatamente lembrei-me dele que inúmeras vezes me falara desse filme, adorava-o pois se identificava com a história, com a diferença de que o o Marley dele se chama Bethoven. Um cachorro extremamente amoroso, havia sido de seu pai, comprado quando ele ainda era um garoto, 7 anos se não me falhe a memória. Passaram-se os anos e o filhote hoje é um idoso, perdeu a visão, é pouco ágil, mas o reconhece, óbvio, era engraçado como bethoven às vezes batia na porta do quarto como fosse uma pessoa, falar na morte do cachorro para ele é inconcebível, é lindo o amor que ele tem, sei bem que o amor vem sobretudo do fato dele ter pertencido ao pai dele, já falecido, seu ídolo, exemplo, heroi... e que coincidência, como supracitei hoje é dia dos pais, passei a semana toda preocupada com ele, sei bem que o dia de hoje é um dia de tristeza, e a minha vontade era de ter passado o domingo inteiro com ele no colo, abraçar forte, estar perto caso ele resolvesse chorar... ele que nunca gostou que o vissem chorar, se escondia entre os cobertores, se trancava no banheiro, mas eu, mãezona e acima de tudo teimosa,  segurava-o e o fazia ficar, eu na verdade prometi que nunca mais ia deixá-lo chorar sozinho, e agora que não estou mais ao lado dele pra oferecer o meu colo impetuoso, espero que ele não tenha mais motivos pra chorar. Façam-se minhas as dele, afinal, desconfio que carrego um rio interno que ultimamente tem superado todos os níveis, e com o ônus de não tê-lo por perto para me dizer: "Para de chorar (minha preta, bestona) você já tá bonita!".
Como comecei dizendo, meus domingos podem ser chamados de saudade, e nesses dias, em liberdade provisória, ou seja, greve da faculdade, em casa, as lembranças afloraram, criaram asas e sairam por aí, desembestadas... cada canto uma saudade, acordar, é lembrar das vezes que ao abrir os olhos me deparava com ele sentado do meu lado na cama - acorda, preguiçosa! - enquanto me beijava, o quintal me possibilita ver a lua, o que me reporta às vezes que passamos horas abraçados admirando-a, os passeios de bicicleta, o dia em que ao chegar de surpresa em sua casa, deixei-o atônito, me confessando  que havia desejado tanto a minha presença naqueles dias, que Deus se encarregara de me fazer vir até ele. Mas tudo isso hoje soa apenas como uma lembrança que corroi, o tempo, as pessoas, a fraqueza humana encarregaram de diluir tudo, e é extremamente doloroso ver gestos de carinho serem descartados e substituídos, como se tudo que houve outrora tivesse sido falso. Sabe aquela sensação de que você é um fracasso? Pois é, assim estou me sentindo hoje. Algumas pessoas que me foram importantes achando que meu mundo ainda giram em torno delas, outros sem sequer saber a dimensão do quão são importantes para mim. Vontade de mudar, de deixar de ser exatamente aquilo que eu sou (mandona, mãezona, politicamente correta, senso de justiça gigante), e ao mesmo tempo a certeza de que nunca conseguirei ser diferente. Parece-me que as pessoas preferem as regras, produção em série, afinal deve mesmo ser mais fácil ter ao lado pessoas que quando não calam, falam o que você que ouvir, omissas, despreocupadas, mas eu só sei ser exceção, só sei ser exatamente o contrário disso tudo, soa melodramático, e talvez seja mesmo isso tudo, ora bolas, estou mesmo num desses momentos em que nada parece fazer sentido, nada, nem eu, para mim mesma e para as pessoas... no final das contas, fato é que meu jeito torto de gostar revelou-se mais forte que o jeito certo de quem ama desesperadamente a várias, uma após a outra, acha que gosta mais da atual que das antigas e faz mais por elas, mais loucuras, mais seriedade, e na primeira dificuldade, ao invés de lutar, substitui, é amor com prazo de validade determinado, onde já se viu?! Será que algum dia, por alguma delas houve amor ou simplesmente um acostumar-se com a situação até a dificuldade e posterior substituição? Prefiro o amor paciente descrito em Coríntios, amor é sublime demais para ser confundido com algo descartável.
E em meio a tantas indagações, não pense que me isento, muito pelo contrário, também me indago se alguma vez em meio ao turbilhão de sentimentos que tive, houve amor... uma pergunta sem resposta. Uma verdade: a falta que eu sinto, bem como uma vontade enorme de estar agora deitado em teu peito, com a mão direita presa embaixo de suas costas, lembra? Rs
Mas a mim só cabe arcar com o ônus de minhas decisões, e como não curto joguetes, dissimulações, não tentarei te lembrar ou convencer dos benefícios de nós... se as coisas mudarem, eu provavelmente estarei te esperando, só tente não demorar muito.


Nenhum comentário:

Postar um comentário