quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Guerra pessoal

Enquanto o mundo desmorona lá fora, em greves, assaltos, arrastões, tiros... o esforço maior é conseguir manter-me alheia a enxurrada de coisas que acontece aqui dentro de mim, e obtenho êxito, um, dois, três dias... mas à 00:30 uma lágrima, aliás, várias, teimosas resolvem se aglutinar nas bordas de meus olhos e pesam a ponto de caírem todas, mostrando-me o tamanho de minha fraqueza, minha incomensurável dependência.
São pensamentos que dançam, brincam de roda em meu íntimo, faz-me lembrar à força o que a muito custo tento apagar... tenho tentado apagar mais que lembranças, estou mesmo é me reinventando como quem define um ser ideal e tenta juntar partes distintas a fim de formá-lo, como fosse um quebra-cabeças...
Fui submissa, sabe... passei anos ouvindo o que não gostava e falando também... dizia o que queriam ouvir, enquanto cada um me falava o que lhes viesse à cabeça e eu chorava... usava os apelidos da criatividade dos outros, querendo agradar, talvez, e fui aos poucos percebendo que não agradava, já que o problema era a boca que o proferia, a minha; sonhei pra mim os apelidos que os outros ganhavam, quando na verdade não ouvia meu próprio nome, isso é loucura!
Me livrei disso, em parte, mas continuo a disponível, que desdobra-se em afagos, mas vejo que preferiam-me alheia, ou de jeito algum...
As palavras ferem, estraçalham o peito e eu não estou sendo melodramática, elas criam vida, força deixam de ser abstratas, as que são ditas e as que se calam.
Como água-viva nasci transparente, com a diferença que tocam-me e geralmente sou eu quem se queima, quem sai ferida. Muito pago por falar o que penso, por trazer estampado na cara todas as angústias do meu ser... pago a mim mesma o que calo, por medo de perder coisas as quais nunca tive... prefiro o 8 ou 80 sabe, não sou boa com pistas ou parábolas, e geralmente prefiro que me digam exatamente o que fazer, como agir no que refere-se a lidar com o outro, afinal, por dedução nunca conseguimos com total êxito, alcançar as particularidades alheias.
São tantas as dúvidas que eu calo, queria entender tanta coisa... e nessa parece que o fluxo sanguíneo concentra-se todo na cabeça, pressionando, e eu queria gritar, e o faria não fosse o adiantado da hora...
O por que do repúdio a tudo, da pouca importância, do desdém, da insignificância... e da escancarada aceitação ao igual, mas de procedência diferente.
E quando me faço todas essas indagações chego a uma única conclusão: Ausência de sentimento. Falta-me talvez a aceitação do fatídico; Sendo assim, o que nos motiva? O que te motiva? A mim, estou certa que masoquismo e uma pitada de loucura, e você? Comodismo, pena, sexo?
O seu excesso de segurança em relação a meus sentimentos é sem dúvida um caso à parte, e em textos como esses, regados por lembranças suas, nossas... infla teu ego e te faz mais certo disso.
Mas, eu ando abdicando os meus vícios, comecei pelo egoísmo, vou deixar voar em paz quem me ama e eu não posso amar totalmente, assim como deixarei você, quem eu amo e não me pertence... penso que os faço mal em mesma magnitude, e esse direito eu só detenho no que refere-se a mim mesma.
Devo te dizer que mentia todas as vezes que dizia não esperar nada... mais tolo você, acreditar que alguém que ama não sonha em ter o ser amado ao lado sempre. O seu "eterno enquanto dure" só me comovia enquanto tinha-o ao alcance de minhas mãos, isso fazia o "enquanto dure" parecer eterno, você tem razão, parecerias chato para a maioria, rabugento, "cheio de nove horas", mas para mim nunca foi nenhum sacrifício te aguentar, problema é que eu estou crescendo, virando gente grande...
Você, que sempre foi meu pequeno príncipe, hoje um homem cheio de ambições e racionalidades faz-me perceber que sou apenas mais uma rosa em meio a outras milhares... o tempo não me salvou! Os tempos mudaram, a tal eterna responsabilidade que devemos àquilo que cativamos, virou lenda, e se não, dispenso-te do fardo, talvez eu me pergunte onde errei e me culpe, para depois voltar atrás e perceber que eu sou exatamente assim, e não mudaria da história, nem uma vírgula, talvez o tempo me mostre que não era tão grande, sequer amor...
Estou te prendendo aqui dentro, de início vais se debater como quem não aceita a clausura, mais aos poucos se acostuma, e adormece... e eu não quero sequer que me vejas chorar.

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